Resistente e doce negra

Teus pulmões cheios de fôlego

Amamentam a existência doce

Perfumes adocicados usas

Recebendo elogios da sensibilidade que exalas

Esse riso estridente corta os suplícios da história

Afugenta a dor

O que cantas no Pelô

É o teu Hino

Teu sacrifício cotidiano

Nos tabuleiros amotinados de gente

O quitute ricocheteia o domingo

A pimenta de mão cheia

Oh negra !

Quantos amores tive ?

E nenhum mais marcante

Quanto teu cântico lutador me recordo

A tua pele que sangra ao dia

Pelos meninos que carregas nas costas

Pelos teus rituais de umbanda sagrados

Chorando e amando seus ancestrais

Como se outros Deuses não existissem

Se regressastes tu para o teu seio materno

Seria teu jangadeiro

Ancorando meus veleiros

Nas senzalas onde tu fostes resistente

Provaria teu vatapá para sempre

Saboreando as cocadas

Me vestindo para tuas festas

De candomblé sagradas

Se dessa nossa viagem marítima

Herdássemos o conhecimento e

Os tesouros dos navegantes

Acossados por piratas ibéricos seríamos

E com a nau vacilante

Ao Porto regressaríamos

Nostálgicos e resistentes

Pelas aventuras passadas no mar

Minha sincera Homenagem as Lindas Negras da minha Terra

Reconheço o valor da luta cotidiana de vocês,

independente de Datas.

Vinicius Santana
Enviado por Vinicius Santana em 25/11/2015
Reeditado em 02/01/2018
Código do texto: T5460546
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