Resistente e doce negra
Teus pulmões cheios de fôlego
Amamentam a existência doce
Perfumes adocicados usas
Recebendo elogios da sensibilidade que exalas
Esse riso estridente corta os suplícios da história
Afugenta a dor
O que cantas no Pelô
É o teu Hino
Teu sacrifício cotidiano
Nos tabuleiros amotinados de gente
O quitute ricocheteia o domingo
A pimenta de mão cheia
Oh negra !
Quantos amores tive ?
E nenhum mais marcante
Quanto teu cântico lutador me recordo
A tua pele que sangra ao dia
Pelos meninos que carregas nas costas
Pelos teus rituais de umbanda sagrados
Chorando e amando seus ancestrais
Como se outros Deuses não existissem
Se regressastes tu para o teu seio materno
Seria teu jangadeiro
Ancorando meus veleiros
Nas senzalas onde tu fostes resistente
Provaria teu vatapá para sempre
Saboreando as cocadas
Me vestindo para tuas festas
De candomblé sagradas
Se dessa nossa viagem marítima
Herdássemos o conhecimento e
Os tesouros dos navegantes
Acossados por piratas ibéricos seríamos
E com a nau vacilante
Ao Porto regressaríamos
Nostálgicos e resistentes
Pelas aventuras passadas no mar
Minha sincera Homenagem as Lindas Negras da minha Terra
Reconheço o valor da luta cotidiana de vocês,
independente de Datas.