Querer-te

Brados postumos de furia perdida.

Lisonjeiros e sacros, anseios de outrora.

Ver chegar-te em ti aurora, que a minha noite finda.

Se a lira dos meus olhos, ao fita-la sorrateiro,

recolhida em peito manso, a aturdir-me os anseios.

Beijos de quimera, de um sentir profundo e lento.

De um amar-lhe em silêncio, de um tocar-lhe a espreita.

Tanto gosto em boca sua, e o sonhar de tempo em tempo,

Me aliviam as agruras, acumuladas sem alento.

Se lhe norteiam os passos, todos os sentires de outra gente

Peço-lhe que cedas sem demora, ao que me nutre contingente

Se o seu sopro de reinar faz do meu peito seu leito

Recolha-se ao riso em meu amar, que ei de fazê-lo satisfeito.

Tudo que tenho a si me guardo, para que não os desgaste o tempo

E em meu padecer jocoso findo o cantar deste lamento.

G.R