AMOR ESTRANHO
O teu amor é todo feito
De malefícios e defeitos,
Pois não consegues me alcançar
Nem esquecer meus contratempos.
Parte da vida a debruçar-te
Sobre o que sou e o que não sou,
A questionar a minha arte,
Com o que restou dos teus pedaços.
Sempre deitando-se no chão
Para escutar melhor meus passos,
Sem perceber que já falhou
Ao desdenhar meus pobres traços...
O teu amor é coisa estranha,
Que morde a mão, critica e lanha...
- Ah, triste platonicidade!
Jamais serei o que imagina
A tua tola e vã maldade!
. . . .
De Celso Panza:
Muitos amores se vive
na vida um turbilhão
estranhos os que não se realizam
são flores enigmáticas
não são verdadeira paixão
se mostram e só trazem ilusão
fugidios e mudos
morrem de inanição.