O ESCRAVO
Dez vezes abandonei-a, e dez vezes voltei.
Agora, ela sabe que não partirei mais.
E, contudo, não a quero.
Se ela morresse amanhã, eu seria feliz, seria livre!
Conhecestes, acaso, a tortura de soluçar
sobre um corpo de mulher
aviltado por outras carícias?
Conhecestes a vergonha de não poder arrancar-se
do lado de uma mulher
porque seu corpo é maravilhoso?
Hoje, bati-lhe; e, como me desafiasse ainda,
ardente, transfigurada, com uma luz tão bela
nesses olhos divinos,
atirei-me sobre sua boca como quem se mata,
e jamais beijo algum foi mais voluptuoso.
Quando a ameaço, estira-se preguiçosamente.
Quando ameaço os seus amantes,
põe-se a cantar uma canção jocosa.
Quando falo em matar-me,
contenta-se com perguntar:
"E quem cuidará de tuas rosas?"
E vivo minha vergonha, esperando
que esse corpo incomparável murche,
como minhas rosas.
(Autor desconhecido)
Obs: - Constante em uma revista do ano de 1972 -
******************
- Comentário em destaque - Teloh
Por pesquisa achei o seguinte sobre o texto: Extraído do livro As Mais Belas Páginas da Literatura Árabe, de Mansour Challita, Edição da Associação Cultural Internacional Gibran. Bjs