COMPASSO
tudo minto, nada vem dos planos que faço
finjo compasso nas mãos, planejo versos esquadros
e erro quando escrevo "planejo amar"
se acrescento régua num bocado de ritmo
ergo a cabeça e percebo a vida que vai lá fora
a janela, a estrada, o papel e a tua falta
estavas do meu lado quando o mundo era só meu
agora escrevo, respondo teu adeus
e pergunto ao vento: que tem a lua de chama
se fria, desaparelhada no lago do meu peito,
é apenas a sombra do que invento?.
meto no espírito a raiz amarga do medo
pois que esperava o amor fazendo planos
Inesperado, decidido amor
tardio fostes paisagem
e eu do teu lado distraído, passageiro calado.
Antônio B.