A SAGA DO NEGRO

Não gosto de fazer poesias com temas selecionados por terceiros, elas não se tornam autênticas. Minha neta Maria Luiza, pediu-me uma para ler na escola, sobre o Dia da Consciência Negra; eu fiz porque é um tema que me toca. Em visita a Salvador, fui jantar num restaurante - Solar do Unhão - que mantinha os objetos de tortura aos escravos e aquilo me chocou deveras, Eis a poesia:

A saga do negro

O negro, qual bicho,
Veio, como o lixo,
Em navios negreiros.
Imundos e esfomeados,
Com o chicote, tratados,
Alguns chegavam inteiros,
Outros, jogados no mar...
Eram – negras mercadorias,
Jovens e fortes tinham valor,
Velhos e fracos eram porcarias...
Das tribos africanas,
Do interior, das savanas,
Viraram escravos nas fazendas.
Plantavam e cortavam a cana,
Em labuta cansativa, e insana,
Faziam rodar as moendas!
Eram dóceis e afáveis,
Tornaram-se amigáveis,
Ajudaram a construir o Brasil.
Fizeram o açúcar da cana,
O melado, a cachaça e o café.
Esqueceram-se da terra africana,
São orgulhosos brasileiros, com fé!