eu sozinho não preencho
fecho as janelas de meu quarto
para que a poeira derivada
da obra na casa de cima
não entre no recinto
e encha tudo de pó e sujeira
forro a cama
guardo as roupas
que estão sobre a cama
e leio novamente aquele poema
que escrevi pra você em um guardanapo
foram tantos, hein?
e eu nem tenho a intenção
de parar de te cobrir
de toda a poesia
que brotar de mim
observo a cama
o guarda-roupa
o chão
a janela
o espaço
sei que tudo isso
seria melhor aproveitado
se fosse partilhado
por nossos corpos e alma
em conjunto.