HOJE EU ME DEITAREI COM OS TRÊS!
ESTAVA TÃO TRISTE, MAS ELES VOLTARAM!
Há tempos em que eles me abandonaram...
Disseram que vinham ficar comigo e debandaram...
Se despediram de fato há anos e sumiram na vastidão do mundo!
Fiquei desolado, desesperado e todas as flores ao meu redor, murcharam...
Seriam eles uma espécie de ingratos que fizeram minha alegria; e esqueceram de seus compromissos de me refrescarem com seus contatos?
Ou seriam, talvez, fragmentos ilusórios de minha cabeça sedenta de motivos para terem-nos?
Todos somos culpados por essa ausência tão marcante!
Afinal de contas, tudo que devíamos fazer para tê-los, fazemos o contrário!
Na medida certa, eles me enchem de alegria e apego.
Quando desaparecem, matam a esperança de alimentar meus jardins!
E quando chegam de surpresa, querendo suprir os tempos de ausência, causa-me alegria; mas angustia quem agora suplica pela trégua de suas ausências!
Minhas esmeraldas verdinhas, estão turvas!
Minhas fragarias acostumadas a virem rubras, não brotaram mais!
E até minhas bromélias enfrutecidas, sapientes da solidão deles, se rebelaram!
Que mundo cruel que não me vaporiza nem a granel!
Hoje à tarde, com sol a pino, dois colibris se divertiam como meninos...
Diante de meus olhos, um ficou parado e o outro subindo...
Me pus a pensar, se algo não poderia errar...
Olhei pro panorama e não notei uma rama...
Entrei pra casa e me falei baixinho em pensamento:
-Esse não é o momento!
Lá pelas vinte e poucas, um deles se anunciou às loucas...
Rasgou o panorama de Leste à Oeste;
E se desfez do Sul para o Sudeste...
Instantes depois, ela chegou; tímida e desconfiada.
Mal deu para alegrar minhas tantas Esmeraldas...
E tão logo chagaram, tão logo saíram!
E mais uma vez, me pus a dizer:
São ingratos esses que tanto gosto!
Eu faço tudo que posso; e eles somem sem deixar rastros!
Queira o Grande Arquiteto que vão para outros tetos;
Clarear o negrume e saciar os sedentos!
E eis que deram meia volta no firmamento;
E voltaram para mim deixando meu panorama cinzento.
Ruídos altos, cores fortes e muita chuva com ventos...
Amedrontaram ouvidos desatentos;
Encharcaram minhas pobres Esmeraldas enfraquecidas;
Meus morangos se levantaram enrijecidos;
E meus ananás suspiraram coloridos!
Depois de tanto tempo, eles voltaram...
Meus amigos: vento, raios e chuva!
Que aqui, caíram como uma luva;
E que torço para que fique mais um pouco;
Me dando a esperança de um futuro menos louco!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires