Maré de amor





Distrai-me a alma, essa onda que bate e se esconde noutras ondas
onde o mar se desencontra com seu próprio mar.
O touro avança na arena de meus desencantos
e sua fúria é tão mansa que não me afasta de tua desconfiança.
onde qualquer dor me é menor que a outra dor que sinto,
mas, que me aguento amando-te, neste labirinto
onde até minha voz encerra em pranto.
Mas se me beijares bem, tudo isso passa,
meu coração atravessa teu encanto ou laça-o,
cruza o imenso mar de teus quebrantos, chora e ri,
e retorna como a onda misturada que se refaz sem de tudo ir,
nas marés que nunca voltam mais nas mesmas águas de antes.
Sou esse amor misturado em mim feito forma de homem,
um caçador de prazer, quem sabe um anjo,
atravessando o mar profundo que me esconde tanto
na casa de alguma sereia que por raro desejo quis por mim se apaixonar.
Se canto, ouço sua voz e se entristeço enxergo suas lágrimas,
e é por isso que o que me despedaça é amá-la sem ser também amado
e por fim mergulho nessa mar gelado, molho a alma de desgosto
só para não acabar de tudo esse jeito de amar.


Poema inédito(03/11/2015)
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