A Fome do Caos
Sinto o sabor ardido
No silêncio das pedras
Do olhar encardido
Quais mágoas despidas
São redefinidas pelo gosto.
Gosto de gostar do gosto
Aquele que antes posto
Entre a maciez do pano
E a lividez do dano
É tudo maldição da fome.
É um sentido quebrado
De quem se alimenta
Do riso que dança
Do furor dos olhares
Dos dedos anelares.
São as costas e a nuca
É o dorso e a cintura
Descompostura
A finesse endiabrada
da antropofagia romântica.
E o coração é sobremesa
Das pernas não-brandas
Da tua procura ilesa
Pois esta presa (a que corre)
É quem de fato sacia.