A Fome do Caos

Sinto o sabor ardido

No silêncio das pedras

Do olhar encardido

Quais mágoas despidas

São redefinidas pelo gosto.

Gosto de gostar do gosto

Aquele que antes posto

Entre a maciez do pano

E a lividez do dano

É tudo maldição da fome.

É um sentido quebrado

De quem se alimenta

Do riso que dança

Do furor dos olhares

Dos dedos anelares.

São as costas e a nuca

É o dorso e a cintura

Descompostura

A finesse endiabrada

da antropofagia romântica.

E o coração é sobremesa

Das pernas não-brandas

Da tua procura ilesa

Pois esta presa (a que corre)

É quem de fato sacia.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 29/10/2015
Código do texto: T5431367
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