Vício.

Pobre e tolo o homem àquele que se entrega por amor,

indubitavelmente frágil e fraco vira tal homem.

Porque sim, claro, o amor enobrece o homem,

mas a dor do amor faz dele o pior dos sofredores.

Esse amor que deveras sente

vira a maior fraqueza dessas que se pode tornar.

Qualquer mísero rumo que esse amor tomar,

mudar-se-há a vida do homem que viveu tal amor.

Dizem muitos que o amor não faz doer,

Mas poucos sabem que o amor é a própria dor

dor aquela que te torna um masoquista

que te faz querer cada vez mais aquilo que mais te faz sofrer.

Digo-te, homem, que um homem fraco que se entrega ao amor,

forte vira e é, porque se a dor de amar não o faz morrer,

vira alimento pra viver e conseguir segurar qualquer outra dor.

E a ânsia que tens de amar,

não te enganes,

só vai acabar quando de fato amar,

porque no buraco que deixa o amor,

só o amor consegue preencher e encaixar.

Em toda a vida, há um molde,

um espaço, um buraco,

sedento por algo que só você pode um dia preencher.

Se não experimentares tal alimento,

não podes dizer que tivestes o prazer de viver.

O mais viciante dos vícios,

o mais cruel dos desejos,

a mais difícil das aventuras

e a mais dolorosa das alegrias que vais viver.

Porque, mesmo com tudo, com qualquer outra das coisas mais gostosas do mundo,

nenhuma, por melhor que seja, consegue substituir ou inibir o amor.

E até você, que pensa que nada sente, nada sabe e nada vê, surpreender-se-há com o amor que hei de viver.