Balada de um amor trivial
Em tempos de super-humanos
o que te ofereço é
o silêncio, a trivialidade, a rotina,
sussurros, olhares, pequenos gestos,
medos, tristezas, quiçá alguma felicidade;
um ombro fiel, uma palavra amiga,
um sorriso sincero, um colo disponível;
reprovações, impaciências, xingamentos,
a violência que vem da intimidade, seu desconforto,
a preguiça, meu “ainda não sei”, meu “nem quero saber”;
ah! certamente também ofereço contas pra pagar,
estar sem dinheiro final do mês e por vezes sem tesão;
a espinha adolescente, a barba por fazer (vai arranhar!),
o bafo matinal, o flato acidental, um e outro mal-estar;
a música, o filme, o livro (que você certamente vá odiar!);
o ciúme, a posse, as birras;
o deboche, a ironia, a piada sem graça,
o mau humor, o humor negro, a antissociabilidade;
as tentativas, os sucessos, os fracassos,
o arrependimento, o choro, a saudade;
a brincadeira, a realidade, a ilusão,
o sonho e o pesadelo...
Enfim, meu amor, o que te ofereço
é aquilo que chamavam humanidade.
E por isso continuo só!