CARTAS DE AMOR TARDIAS
Seu eu lhe escrevesse uma carta de amor
Poria nelas os velhos sentimentos estiolados
Mostraria o quanto fui imaturo para você
O que me ensinou todo o tempo passado
Talvez devesse começar por lhe pedir perdão
Por não ter cultivado o amor que ainda sinto
Posto que o amor é nuvem que se refaz
Nos céus da alma da paixão que é labirinto
Pedir-lhe-ia perdão pelos beijos que lhe neguei
Quando o amor ardia e a paixão me cegava
Eu embrulhado nas pequenas crises de ciúme
Que amordaçava o desejo e à vontade esfriava
Pedir-lhe-ia perdão por não ter posto atenção
Nas tuas queixas que a insensibilidade ignorava
Que a levou às lágrimas e apertos no peito
Ás dúvidas de que se eu, de fato lhe amava
O que dizer do silencio e das poucas palavras?
Quando vc era uma plateia a escutar minha voz
Enquanto eu preso no bojo de estranhas mágoas
Tolo, desperdiçava nossos momentos a sós
Pedir-lhe-ia perdão por ter sido tão volúvel
Ao buscar em outros olhares o que só havia nos seus
A luz do amor que meus olhos não viam
Que escondia seu grande amor que era só meu
Pediria perdão pelo desconforto e insegurança
Que gerei no seu íntimo com a leviandade
Com que tratei as coisas que lhe eram caras
Ao lhe amar somente com olhos da vaidade
Pediria perdão por não perceber no seu olhar
Que sua natureza só procurava carinho e calor
Eu egoísta, só o que sentia, de fato importava
Assim não dei guarida aos seus sonhos de amor
Ah minha insegurança que sempre justificava
Meu comportamento avesso e dominador
Quanto ele arruinou o nosso relacionamento
O quanto ele nos produziu de zangas e dor?
A maturidade hoje mostra claro, como águas
A dança insensata dos sentimentos banais
Que destroem a flor da felicidade tão tíbia
No trovejar dos destemperos verbais
Agora que o palco dos seus olhos já se fechou
As cinzas da paixão já desapareceram no ar
Eu sigo a me perguntar, não sem saudade
Porque o amor nunca nos ensina a amar?