PASSARELA
Às sete e vinte e cinco horas,
passo abaixo da passarela e
vejo-a atravessando
um parque a caminhar.
Em outro dia, me atraso,
ela já se foi
passarela solitária.
Penso no que estarás fazendo,
durmo supondo que também dormes.
Acordo molhado em um banho.
Sonhei com passarela,
com que roupa estarás?
Não vejo nuvens ao fundo.
Um dia, foi domingo,
fui a passarela e
fiquei esperando
por um abraço dela.
Por mil vezes
ela lá, passou e
ali fiquei.
Quarenta e sete mil minutos
seu guarda roupa
colocado a prova
me vi vivendo,
uma vida bela.
O abraço não veio,
ela não veio.
O dia seguinte veio,
queria-a em meus olhos.
Não sei se ela é só dela,
não sei se sabe que meus olhos
hoje são só para ela.
Queria viver sua vida,
quem me dera
com ela
na passarela.