Que me odeie e logo me perdoe...

Quero pedir a ti,

que guarde o amor que sentes por mim,

num ermo do teu coração.

Esconda-o da saudade.

Faça-o gostar de infância e de brincar.

Na menor chance, deixe-o fazer peraltices.

Agindo assim, nunca penetrará a solidão…

E terá força de perpetuar-se o nosso amor.

Quero pedir a ti, não faça comparação

com outros amores. Nem arrazoe jamais

que quero este amor apenas para poesia.

Preciso deste amor para tornar a jovem,

sentir emoções, respirar leve. E pensar

que juntos, somos maiores que o mundo.

Se nós conseguirmos cultivar o amor ele

nos socorrerá de nós mesmos.

Quero pedir a ti, que se voltarmos no tempo,

lá estará nós sendo preparados para o agora.

Talvez nos precipitamos e saímos para a vida

antes de ficarmos prontos para o hoje.

Mas também não causamos incêndio,

nem devemos enrubescer por termos

cometido erros. Todo dia a vida começa

um novo capítulo, todo dia brilha o sol.

Quero pedir a ti, que devore cada vocábulo

dos meus poemas, crie intimidades com eles.

Que se banhe loucamente no rio

das minhas palavras. Elas têm um pouco de

mim e sabem do amor muito mais do que eu.

E saibas ainda, que as coisas que eu não

falo são mais bonitas e encantadas!

Quero pedir a ti,

que se farte nas minhas ausências

com as lembranças e saudades.

Que me odeie e logo me perdoe;

que me beije a boca a distância!

Que aprenda a sentir meu gosto nas coisas.

É que eu existo de fato, por mais que eu me

assemelhe a sonho ou invento da tua mente.