Perfume de mulher
 
Desde que meus olhos faltaram,
Outros sentidos se aguçaram,
Expandindo a minha percepção.
Hoje, mesmo ao sol, não vejo luz,
Minha bengala, é que me conduz,
Vivo mergulhado em escuridão.
 
Agora, percebo os seus passos,
Antes de chegar aos meus braços,
No toque dos sapatos contra o chão.
Sinto seu gingado ao andar,
Ou mesmo, o apressado caminhar,
Que agitam a minha imaginação.
 
Seu perfume no ar, inconfundível,
Torna, para mim, quase visível,
Sua maravilhosa figura feminina.
A imagino, sempre sorrindo,
Assim, a desgraça vai se diluindo,
Nesse seu perfume de menina.