desir

os mundos do meu desejo...

o sonho que tive nessa noite

uma corrida maluca de homens e mulheres

e eu só me via, eu, homem

estradas, caminhões, neblina

sol se recusando a sair

nuvem se recusando a sair

matemática se recusando a entrar

mulheres querendo beijar

big-brothers jogadores de videogame

malditos big-brothers jogadores de videogame

e eu estou no videogame

eu sou o videogame

eu e as mulheres estamos nele

sonho malsão

controlador malsão

mas não seria eu mesmo o controlador?

não seria eu mesmo o pai da minha dor?

eu o educador do meu desejo

este que não sei ao certo onde colocar

o desejo que é geográfico

o desejo que é o mundo

o desejo que é o sub-mundo de mim

adiar o fim da jornada

esticar o sonho

todas as manhãs esticar o sonho da madrugada

elástico sem notas de dinheiro

e sem dinheiro no elástico é mais difícil

a língua presa como a terra ao seu eixo

como o cavalo à carroça

como o marido à esposa

como a esposa ao marido

a língua que pouco consegue

pelo simples fato de que pouco sabe

pelo fato de que ela não pode tudo dizer

a língua diz menos que a vida

o desejo grita mais que a língua

a bala grita mais que a agulha

a linha grita pra se soltar do carretel

o palhaço pra sair da caixa

o preso da prisão

os anjos do céu

os mundos do desejo são ao mesmo tempo

prisões e estradas gigantescas

batalhas e festivais

sou um deus sofredor a aprisionar mundos.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 25/06/2007
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