Uma última dança

Me concederia essa dança?

Sei que a noite está tão fria,

a penumbra já invadiu o salão,

até a lua parece ter se escondido,

mas prometo aquecer suas mãos,

serenar sua inquietação com meu sorriso,

perder-me no mar verde de teus olhos,

soprar-lhe meu calor interior,

numa brisa de canela e hortelã,

proteger-te contra a friagem da vida,

abraça-la nos deslizes de incertezas,

estarei te segurando à cada passo,

conduzindo-a por um tablado de madeira,

mantendo-a firme em suas convicções,

não tolhendo teus desejos voluntariosos,

tentarei não pisar em seus delicados pés,

mesmo que algumas vezes me olhes com raiva,

mas se acontecer não te magoes,

me perdoe por há tanto tempo não dançar com alguém,

talvez o ferrugem da estrada tenha me desnorteado,

quem sabe a vida que forja o metal também derreta-o,

no limiar de paixões que começam à primeira vista,

pois estou aqui tentando cativar-lhe os sentidos,

mesmo que essa seja somente uma última dança...