Vivia...

Vivia na ingênua em paz

Quando um dia lá trás

Eu menino com fulgor

Conhecí o amor.

Invisível como o vento,

Sublime sentimento

Tomou-me pouco a pouco

Até pensar que estava louco.

Pois algo me dominava

E sem controle me levava

A quase não respirar,

Acelerado o peito pulsar.

Ao redor não ver mais nada

Além daquela iluminada,

Daquele Ser encantado.

E eu totalmente embriagado,

Em seu encantamento,

Deliciava-me do sentimento

Puro, que nasceu

Forte e acendeu.

Chama incandescente e eterna,

Por anos me guiou terna

E aqui dentro manteve acesa

Pra ela: mis, musa, princesa...

Os senhores do destino

Não deixaram aquele menino

Comer deste favo de mel,

Mas reservaram lá do céu.

Cravado nas estrelas luminosas

Páginas inteiras formosas

Escritas douradas de muita glória!

Anjos escreviam nossa história.

Menina, razão da minha juventude,

Na sua temerosa e ingênua atitude,

Cumpriu o cruel e divino mandato,

Agiu no que acreditou ser mais sentato,

Despediu-se, não para nunca mais...

Mas deixou no menino muitos ais.

Além do primeiro amor

Ficou a primeira e amarga dor

Em seu intacto coração

No impacto do não!

Ele inconformado em oração rogou!

O seu nome mantralizou...

As iniciais por todo lado gravou,

No mais profundo de seu Ser guardou.

Este puro amor prometido

Em seu peito ficou contido

Por longos anos a fio

Por muito resistiu...

Ela, mesmo enamorada,

Por Deus foi poupada,

Não se dando conta do amor,

Pra não sofrer a amarga dor.

Cresceram,

Esqueceram.

Vivia quase em paz

Quando um dia destes atrás

Não com muita cor

Em meu atual amor...

Examinando a horta da vida

Com tanta surpresa escondida,

Sem procurar,

Não esperava encontrar...

Aquela flor guardada

Entre a página amarelada

Do livro da minha vida,

Alí quietinha comprimida...

Na estante de meu coração,

E naquele instante aquele "não"...

Que soou como morte pra mim,

Magicamente tornou-se um "sim"!

Daí pra frente o destino cravado,

Naquele céu estrelado,

Em páginas inteiras douradas,

Desceu do céu suavemente...

Ditando em nosso sub-consciente,

Cada palavra, cada passo,

E em cuidadoso compasso,

Nosso Amor Eterno ileso...

Por longos anos aceso,

Amadureceu entre medo e desejo,

Entre o primeiro prometido beijo,

E o abraço apertado!

Entre nossos olhares,

Em ocultos lugares,

No conflito do "não" e do "sim"

No secreto e verde jardim!

No meu negro olhar,

No seu verde olhar,

Nas bocas macias apertadas,

Nas mãos atadas!

Entre nossos corpos ardentes,

E os êxtases incessantes,

Entre o eu te amo, em coro

E o doído apertado choro!

Entre o aconchego quietinho

E uma taça comum de vinho,

Entre e-mails na telinha,

E juntos na noite inteirinha!

Entre músicas prediletas

E corridas dos atletas,

Entre conversas de família,

E momentos de vigília!

Entre dias separados,

E re-encontros enamorados,

Entre o eterno aqui e agora,

E o longo "tenho que ir embora"!

Este indecifrável sentimento,

Que vem vivo lá de dentro,

Amadurece em fogo ardente,

Se molda intensamente,

No gosto mútuo dos dois,

No incerto esperado depois,

Entre rápidas noites frias,

E sagradas filosofias!

O amor primeiro puro,

Rompe o padrão duro

Que rege o comum e corrente,

Renascendo de forma inteligente.

Estendendo o tapete vermelho veludo,

Para caminharem por tudo,

O que o Amor determina

Ao menino e a menina...

Hoje bem crescidos,

Sofridos, vividos.

Prometidos ao propósito forte,

Que soa ao apego como morte!

Mas aos corações como fim

De um ciclo e assim

A Lei do Afastamento,

Cumpre o mandamento:

Que no querer desapegado,

Nos remete ao tão desejado!

Amor vivo que aqui bate intenso,

Como eu sinto e como eu penso!

Consome-nos em seu abraço,

Nos vença pelo cansaço!

Deita-nos juntos unidos com ternura,

Em sua pureza e pacífica brancura!

Fusiona-nos em harmonia Divina,

Seja a única que nos ilumina,

Arme o cenário de nossas vidas,

Indica-nos todas as saídas,

Para a nossa longa viagem,

Na segura e dourada carruagem,

Que nos levará à nossa moradia,

À nossa escola de sabedoria...

Que juntos levaremos felicidade,

Aos sofridos da humanidade!

Dissipa a névoa com ciência.

Ela camufla nossa consciência.

Temos Fé ao Deus Pai de Marte,

E todo Amor à Deus Mãe da Arte,

Que saberão traçar o caminho certo,

E nos darão cada passo de perto.

Para que o nosso destino verdadeiro,

Não venha causar sofrimento derradeiro

Aos que hoje nos amam e dependem

E que amamos e nos defendem!

Desejamos e felicidade plena,

E transformação serena!

E a música continua tocando,

E nós nos amando

Nos solfejos de Si

Minha amada eterna Ceci!

E que as páginas escritas em Ouro,

Possamos viver intensamente,

E o nosso bem guardado Tesouro,

Será nosso alimento atualmente!