O AMOR SEM DISTÂNCIA

Sou esta luz que alimenta insetos

Sou esta dor débâcle que aborta os fetos

Quero-a de volta no meu sonho tangível

Sou este sereno que as nuvens esconde

A quero como a sombra risível

Que da luz quer a penumbra

Quero ver-te e rever-te

Até me reverter-me em teu beijo

Como o desejoso mar quer a borbulhante escuma...

Suma por dentro de mim como única amante

E nunca me perderei de ti como um espumante

Sem você represento um ser

Algo como uma capa que mostra uma efêmera atriz

Uma casca de ferida atuando sem o casulo da cicatriz

Te amo tanto que já não me pertenço

Que de tanto te amar sem pantomimas

Remei no teu pranto de rimas

Para não morrer nos teus olhos de fundo infinito

De tanto navegar nas caravelas de tuas lágrimas...

É noite e Deus já vem telhando

Nosso céu de estrelas

Seu beijo é uma hóstia de lua cheia

Vem que a saudade me corre as veias

Como escarlate sangue que fervilha de desejo

No vinho de teus lábios faço um brinde com teu beijo

Somos feitos um para o outro

Como goiabada e queijo

Teu corpo é minha guarida

Pelas curvas exoesqueléticas do destino

Onde quer que eu me encontre

Estou sempre voltando ao ponto de partida

Porque sem você no meu mundo

Sou abismo profundo

Meu tempo pertence somente a você

E simplesmente não existe vida neste ser

Sou este sol sem amanhecer

No fundo inexorável do teu "me esquecer".

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 22/09/2015
Reeditado em 22/09/2015
Código do texto: T5390288
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