Contarponto
Meu amor chega manso
como um vulcão que arde em ebulição
pega manso
como a fera abate o novilho
dilacera o coração já partido
cruel mas, doce
amargo e muitas vezes frio
quente como o brilho do sol
inocente e culpado
sofre e humilha pra se defender
aquieta na hora de falar
e esbraveja quando deveria permanecer em silêncio
machuca, dilacera
e se machuca
trava a batalha mais sangrenta
com a dignidade da espada certeira
leve como o sigilo
profano santificado
místico
as vezes, puro
as vezes, promíscuo
encanta e assusta
manso espanta
e encanta
atordoa
tropeça e levanta
cospe no prato que come
e lava a alma ferida