Contarponto

Meu amor chega manso

como um vulcão que arde em ebulição

pega manso

como a fera abate o novilho

dilacera o coração já partido

cruel mas, doce

amargo e muitas vezes frio

quente como o brilho do sol

inocente e culpado

sofre e humilha pra se defender

aquieta na hora de falar

e esbraveja quando deveria permanecer em silêncio

machuca, dilacera

e se machuca

trava a batalha mais sangrenta

com a dignidade da espada certeira

leve como o sigilo

profano santificado

místico

as vezes, puro

as vezes, promíscuo

encanta e assusta

manso espanta

e encanta

atordoa

tropeça e levanta

cospe no prato que come

e lava a alma ferida

Vana Bedaque
Enviado por Vana Bedaque em 20/09/2015
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