Mexericos
Ouve só o que sussurra o vento!
Parece que leu meus pensamentos
E anda por aí a espalhar
Tudo o que não era pra contar!
Como eu poderia imaginar
Que os meus segredos fossem parar
No bico das aves, nos trinados
Com que, livres e alvoroçadas,
Elas saúdam o nascer do dia?
Eu seria capaz de afirmar
Que não é um simples gorjear,
Que assoviam minhas poesias!
No zumbir das abelhas eu escuto
Os cochichos que falam da gente.
Assim as aves, de bico em bico,
E as borboletas, de flor em flor,
Seguem, de minuto a minuto,
Levando adiante o mexerico;
Tão lindas, e tão maledicentes!
Deixo que falem o que quiserem.
Já que é a mais pura verdade;
Não vejo motivos pra negar,
Mas, digam aquilo que disserem,
Ainda não saberão a metade
De tudo o que não ouso nem pensar!