DUAS LÁGRIMAS
Quando à noite,
no silêncio do quarto
ao meu lado dormes,
estendo a mão
e no escuro te encontro,
julgo-te estranha
e olhar-te não ouso...
Que fazes ao lado
de mim que repouso
quedado sem ver-te,
sem mesmo querer-te?
A outra sim,
quantas vezes
à luz tremulante da vela
velei o sono
e observei a fronte:
os cabelos dourados;
aureolando-lhe a face,
no travesseiro jogados.
Como era bela!
Venerei-a com tanto amor
poder curá-la quisera
no entanto... ela se foi
frágil quimera!
Ocupas agora
o lugar que era dela
e não posso querer-te
muito embora,
pareças com ela...
Perdão querida
não tens culpa se eu
amar só a LIZIE
e não querer-te na vida.
Esquece a loucura
deste ser, te imploro.
Dou-te, se não amor
toda a ternura
e vês, arrependido
duas lágrimas choro:
uma para LIZIE
que jaz eternamente
sob o frio da lousa
e outra para ti,
querida estranha
que agora ao meu lado
serena repousa!
Observação:
Quando eu era estudante, participei de vários concursos literários e venci alguns.
Com esta poesia, concorri em 1966 (bem antiga, né?) e obtive o 1º lugar.
Achei-a, remexendo meus guardados...