Não viu o amor

Quem não olha a flor

Como a formiga, calmamente

O seu sêmen reprodutor.

Como o sol, louco

Pra ver a lua,

Se posta madrugador.

Como quem vem pelas encostas,

De um jeito surpreendedor,

Louco pra ver se a dor

Já se arredou.

Querendo ver o sinal

De quem já beijou.

Quem não faz um ninho

E fica ali juntinho,

Silvando à fêmea

Ao macho, protetor

E não se põe a agradar,

Pelas manhãs todas as rosas,

Como faz um beija-flor.

E não se dá, em lenços

De papel, lágrimas de dor,

E não penetra o coração

Pelo seu veio irrigador.

Quem na vida toda,

Passou o tempo

Mergulhado em seu próprio calor.

E não meteu os pés pelas mãos,

E andou distando e não se atropelou.

Não disse nada,

E nada ouviu do amor.

Felix
Enviado por Felix em 23/06/2007
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