O Atobá apaixonado
Igual a ti, ó marinheira, não há mar que o seja,
ainda que a luz do luar desse mesmo mar que te beija,
me abrace cheio de desejos e me dê carinhos.
És a timoneira em quem me descobri sem medos,
quando olhava para certa onda que vinha e ia em alto mar,
entre fartos e imensos penedos,
como se procurasse me beijar escondida em alguma sombra.
Quando eu puder, virarei água salgada
e cheia do mar, então, valsarei da marola ao fim do horizonte,
caçando uma morada bem mais longe,
para te pôr, e que além de mim, ninguém mais te alcance e veja.
Se me vês tu como um atobá fujão,
pede, e deixar-te-ei- meu coração
para que flutues nele, cheia de água ou cheia de sede,
buscando o meu amor para perto do teu,
e mesmo se esquecendo que um dia já fui teu
e hoje, pobre pássaro desolado,
morre de amor, cheio de dor, ao léu.