Entorpecência

Há dias em que me recolho no véu escondido do silêncio , onde as lembranças flutuam em meu corpo e voam de minha mente.

São dias de paz comigo mesma, uma penumbra parecida solidão, um refúgio de ondas de coisas vãs.

Gosto de ficar assim inebriada em muitas recordações, saboreando a infância, o doce descobrir a vida, as brincadeiras , o sol das manhãs...

Vou enveredando entre sonhos, e nem sei mais distinguir se sonho dormindo ou acordada, e nessa alucinação alguns deles são tão reais em meus olhos cansados que se vai escoando minh' alma... Adormeço ansiando um tempo passado, outras vezes a sensação de entorpecência faz o coração bater insensível...O medo do futuro ou o desejo de que algo roube a serenidade de meus olhos.

Quero vibrar e correr solta pelos campos, quero sentir um grande amor pulsar, revolto-me na insensatez vivida, desejo ardentemente me reencontrar.

Há dias de puro saudosismo, uma vã melancolia, uma saudade etérea a envolver meu corpo inerte no sofá.

Prefiro ainda assim sonhar, a viver uma realidade dura e fria que me faça acordar.

Paula Belmino

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