NO SILÊNCIO DE TUA AUSÊNCIA
NO SILÊNCIO DE TUA AUSÊNCIA
J.B.Xavier
Hoje meu coração sangra por tua ausência
Desfigurado pela emoção da distância
E meu grito perde-se na imensidão da alma em transe
Que silenciosamente se prostra em inútil oferenda
À sede de amor que a atormenta e aos poucos aniquila...
Hoje sou oferendas, perdas e reinícios,
Sou final e um inicio arrebatado
Sou meu nascimento e meu próprio funeral...
E na inexistente distância entre a vida e a morte
Sou também essa viagem atemporal
Que liga todos os pontos da existência ...
Hoje sou ferida exposta, arrependimentos, sorrisos e sussurros,
Sou fera e calmaria, partida e travessia, gemidos, cantos e urros...
Recosto-me à sombra da Árvore da Vida, em busca da seiva salvadora,
Enquanto o peito aberto em chagas sorridentes
Traz-me à lembrança o inexistente, o vazio, oco e sem forma
Enquanto a realidade lentamente se deforma
Sem que o sopro da esperança a revigore...
Hoje meu coração sangra tua ausência
No desespero que se transfigura
E se transforma no sonho da imagem mais pura
Que já sonhei em depositar em tuas mãos...
Hoje busco o sentido mais sutil dessa agonia,
À espera de certezas imaculadas e de que, talvez, algum dia
Eu saiba rir de todos os sonhos vãos que sonhei a vida inteira.
Hoje, apenas a solidão é minha companheira...
* * *