meu embornal
talvez a imagem seja amiga da distância,
talvez a ânsia se esconda na folhagem,
o que me invade mesmo é a exuberância
da tua ausência que me mata de saudade
fiquei sozinho e meu caminho se encurtou
porque é mais fácil me enganar com o que invento,
o passarinho ia embora e não voou
ele chorou quando ouviu o meu lamento
com o verso pobre a rima logo se encabula
e o pula-pula é o coração descompassado,
se ouço tua voz me vem qualquer palavra chula,
pra tanto amor não há futuro nem passado
retorno ao rumo que eu devia ter mantido,
a água clara é a que dá a cor do rio
na lua cheia se alguém está desguarnecido,
foi quem pensou que a noite era um desafio
meu embornal carrega um pouco da verdade,
pra quê comida se a vontade azedou?
de toda a vida o que não falta é a saudade
e a liberdade, o tempo a desperdiçou
mas vamo’em frente, dá pra ser de outro jeito?
a sorte enlaça mesmo aquele que não quer
não há herança, humilhação ou complacência
que não alcance a todo homem e à mulher