Torpe

Quem é você?

Que me olha de frente, sem desvios.

Quem é você?

Que sorri com todos dentes, meu desafio.

Quem é você?

Sem medo do meu lado obscuro.

Sem me conhecer

Já sabe de mim o todo do tudo.

De onde vem

O amor é simples como deve ser?

O que te faz crer

Que uma noite é o que nos convém?

Eu sou o mistério que você não tem

Descortinado pelo vigor de um sol a pino.

Eu sou o anátema de uma fábula infame

Esvoaçado como me permito e sinto.

Eu quero ser um eu sem preocupação.

Tanta clareza ofusca e se torna dúvida.

Não quero que a circunstância me engane,

Eu tenho um nome, estou insone,

Minha fome é súbita,

Mas não vou comer na sua mão.

Sorve meus fluidos sem parcimônia.

Vampiriza meus dons em rituais.

Confunde minha percepção...

Como não?!

...

Quantos sussurros e ais

Me distanciam do meu eixo?

Quantas violentas catarses

Desvelam paz e silêncio e êxtase?

Minha fome me exige,

Mas comer na sua mão, jamais!

...

Já não tenso.

Já não penso.

Já te quero mais

Quando se despede e vai.

Entorpeço

Além...

Aquém de mim.

E assim, o que dizer?

"Vai tarde"

EuMarcelo
Enviado por EuMarcelo em 02/09/2015
Reeditado em 14/07/2019
Código do texto: T5368390
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