Controversa do Amor
I
Acredito eu que o amor
Possui o seu próprio universo
E desfruta de uma íntima relação
Coexistindo com nosso verso.
Mas a paixão é incerta
E sua falta de apreço
É o excesso que acalma
E o equilíbrio que desaba.
É a imensidão que contempla
A não ter aonde ir
O alento que confina
E o ar que te abafa.
É toda uma cavalaria
Cavalgando pelos céus
É a pedra que flutua
E a nuvem que se afunda.
O rio que banha a terra
E resseca o seu colo
É a estrada que te leva
Para onde já está.
II
O amor é uma vela
E sua cera o desgaste
Quanto mais o fogo arde
Mais sua vida ele consome.
É a ave que rasteja
Com seu bater de asas
Ele possui tudo enfim
E mendiga sua riqueza.
O desprezo que existe
Em toda preocupação
E a insônia que eu seus braços
Me faz adormecer.
E antes que se esqueça
É um estranho que nos leva
E conhece cada peça
Do nosso quebra cabeça.
É o único sonho
Mais real que a miragem
A música que cativa
Com a orquestra do silêncio.
III
O amor é traiçoeiro
É fugaz e perspicaz
Mostra o alto paraíso
E como é cair de lá.
É o pranto que não molha
O belo rosto alvo
O fechar dos olhos cegos
Sob a luz da escuridão.
Se o amor fosse de fato
A mais alta ascensão
Por que seria o ódio
A sua grande paixão?