Poema duro
Hoje eu tive um desses dias,
De gente fria, de coisas vazias.
Toda a alegria de um cachorro de senhora.
Senti a dor de um coração em penhora.
Não que eu seja assim desapegado.
Mas já não aceito de bom grado,
Aqueles que fizeram da minha paixão
Suas aulas de sapateado
Não é que eu seja frívolo,
É que de tanto ter o amor me partido
Fico aqui, de proposta sem sentido,
Em poema mal escrito.
Fiz do meu amor objeto de seguro
Em negócio imaturo, querendo o perder
Já não sei administrá-lo, não consigo alimentá-lo
Dá prejuízo, fico sem juízo, me tira o sono
Tão pouco encontrei sócio
Que me ajude com esse negócio,
De fazer o amor crescer.
Não coloquei à venda, não custaria muito.
Um amor assim tão frágil, remendado e imundo,
Tão moribundo, não encontraria comprador
Tomara que o tomem de mim, pobre do credor que ganhar esse amor...
Periga ainda querer o incauto processar-me
Usar do código de consumo, pra dizer que ali faltam peças.
Pra dizer que amor assim não presta e que fiz falsa promessa.
Como se não fosse óbvio, afinal, que tipo maluco
colocaria em seguro de negócio algo tão único?