TERCEIRO ATO
Tenho uma amiga de oitenta
e poucos anos, escritora, poeta.
Escreveu quando conheceu seu amor,
quando os filhos nasceram,
cada um deles numa estação.
Depois quando os deixou na porta da escola
para seguirem seus caminhos.
Há dez anos escreveu a partida
da filha mais nova.
Eternizou a dor num livro.
Escreveu para os netos,
para os amigos e os alunos.
Minha amiga tem mãos livres
e um coração selvagem.
Na quietude de sua casa
de estantes abarrotadas,
protege-se da vida vazia.
Diz que está velha demais
para entender o que
está fora dos livros.