A bruxa e o Vampiro

Era uma vez um vampiro,

que da morte não tinha medo,

ele jamais daria o último suspiro,

ele tinha seus segredos.

Por uma floresta,

de madrugada ele andava,

não escorria suor de sua testa,

ele nunca se cansava.

Então de longe ele sentiu,

um cheiro estranho e um barulho pôde escutar,

o seu olfato aguçado ele seguiu,

nem poderia imaginar.

De longe já conseguia ver,

um ser vestido de capa roxa com detalhes brancos,

ele não conseguiu se defender,

ficou preso no encanto.

Ela então a ele se apresentou,

disse sou uma bruxa condenada a setecentos anos de poder,

quando o poder da bruxa do passado se acabou,

eu o tive que receber.

Daqui a um certo tempo já deve saber,

eu virarei humana mais uma vez,

então terei que morrer,

e morrer depois de setecentos anos de soberania é insensatez.

Uma bruxa quando volta a ser humana,

antes de morrer tem dez segundos de vida,

nesse tempo ela lembra de tudo que viveu nessa vida soberana,

antes da sua partida.

Meu poder está só começando,

posso fazer coisas inimagináveis,

os anos vão passando,

e elas não serão descartáveis.

Sou uma bruxa do bem,

e faço tudo certo pra próxima que virá,

confesso que saber da minha morte, da angustia vou além,

o ser humano não sabe amar.

Os soberanos como nós,

amam as criaturas e podem ser até criadores,

você mataria um ser humano a sós?

Eles são todos mal feitores.

Você pode se apresentar?

Eu gostaria muito de te ouvir,

de você pode me falar,

é incrível, você nunca vai sucumbir.

Então o vampiro falou,

Eu caço sem pecar,

eu sinto o mais puro amor,

eu já não sei errar.

Eu sou todo elegante,

eu até dispenso o decote,

me cativa o semblante,

vive eternamente ou morre quem o meu dente morde.

Eu detesto o ser humano,

eles pecam sem parar,

eles vivem no engano,

que tudo que fazem Deus vai perdoar.

Deus olha por eles com tristeza,

e pensa eu fiz tudo certo mas eles só sabem esculhambar,

eu os fiz com tanta beleza,

e feios resolveram ficar.

Então eu me aborreço,

e saio pra caçar,

são presas fáceis, reconheço,

os exércitos deles que tiram vidas não podem me derrotar.

Agora que me toquei,

agora que parei pra pensar,

tão belo o que em você enxerguei,

me fez te admirar.

Porque me olha assim?

O que está acontecendo,

vai, fala pra mim,

teu brilho está desaparecendo.

A jovem bruxa olhou em seus olhos,

e disse conversamos por setecentos anos,

estou sem forças quase caindo em seu colo,

fui perdendo meu poder e não é engano.

Daqui a pouco terei mais dez segundos de vida,

me apaixonei por ti que nem notei meu tempo passar,

não fiz nada do que fui destinada nessa jornada seguida,

meus olhos em breve não poderão enxergar.

Quando então deixar este mundo não tenha dúvida ao lembrar,

vivi mas conheci o verdadeiro e intenso amor,

setecentos anos nem pude notar,

não senti nada além do carinho do teu sabor.

Eu sou vampiro e preciso mudar a situação,

eu sou poderoso e eterno,

setecentos anos sem caçar foi andar na contra-mão,

foi conhecer o céu ao abandonar o inferno.

Nesses setecentos anos que acabaram de passar,

não senti fome de sangue, nem com os humanos fiz vingança,

meus caninos fabricaram veneno sem parar,

ainda há uma esperança.

Quando você virar humana,

e dez segundos lhe restarem apenas,

vou te morder de uma forma desumana,

mas vai ser lindo como um poema.

A eternidade vai te percorrer inteira,

mas sua existência será garantida,

terá forças mais uma vez e dessa vez sem saideira,

uma eternidade a dois vai ser divertida.

Eu preciso que vire humana,

você hoje não tem veias pra que meu veneno faça efeito,

pra você não terá dias da semana,

a eternidade fez mais um eleito.

Sou tão poderoso,

que posso até te presentear com a eternidade,

me causou um sentimento tão gostoso,

que te quero de verdade.

O último brilho do olhar da bruxa se esvaiu,

ele sem pensar deu a mordida,

em seus braços ela se entregou e caiu,

rapidamente ela se reergueu como se não houvesse tido a despedida.

Ela então se auto analisou,

e disse, nossa, é bem melhor assim,

aquilo que em bruxa senti foi amor?

Aumentou muito mais em mim.

Ser vampiro é ser incrível,

não me falta força e disposição,

me imaginar assim seria impossível,

como posso amar desse jeito sem limite sem ter coração?

O ser humano tem coração,

e o que ele mais faz é trair, vampira seja bem-vinda,

nós somos fieis, só temos um seguimento e uma opção,

você me parece ainda mais linda.

A eternidade lhe cai bem,

setecentos anos parecem dez minutos pra nós,

do amor fomos além,

viveremos uma eternidade a sós.

O bom é que nessa floresta não existe dia,

é outra coisa que não lembrei de te contar,

aqui pode ser nossa moradia,

mas o sol vai nos incomodar.

Não, ele não é capaz de nos destruir,

mas ele incomoda bastante,

meu amor nunca vai deixar de existir,

minha amada eternamente serei seu amante.

Ricardo Letchenbohmer
Enviado por Ricardo Letchenbohmer em 26/08/2015
Reeditado em 31/07/2021
Código do texto: T5360134
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