Como gotas de oceano.
"Uma vez aprendi o que contrastes são
E hoje sei ser a maior graça da existência
Essa dualidade entre a razão e a essência
Que faz de nós tal como o pó, imensidão.
E se acertara Caeiro, então à vida, digo amém
Pois ao olhar às estrelas, esta noite, vi,
Como um grão de areia que guarda em si,
A lembrança de todos os horizontes e além.
Aliás, já olhou às estrelas hoje, minha querida?
Viu qualquer Sinhá a amá-las por seu doce brilho
Tal como céticos a estudá-las por toda uma vida?
Viu o azul das ondas a domar o lobo indomado
Como faz a um pai o sorriso azul nos olhos do filho?
Viu nos meus a eternidade só querer-te ao meu lado?
E que o mundo veja nas estrelas a luz mais brilhante
Não me importa, nada é mais claro ao amor apaixonado
Que o brilho dos olhos de quem é enigma, certeza e amante.
E de quem é capaz de viver ainda que no último instante
Pois teus olhos estarão lá, e você, a cuidarem de mim
Como o Sol que trará a vida a tudo ainda que após seu fim.
Mas antes se apagarão o sol e toda outra estrela,
Que a luz que fará do meu descanso, paz,
As portas do paraíso, a real eternidade,
A faísca de minha revolução - e toda ela;
E esse amor será a vida que sobreviveu à morte,
O infinito."