RENDO-ME AO SEDUTOR LUNDÚ
Sou uma desvairada borboleta
Batendo tonta em tua vidraça.
A ti faço minha oferenda...
Dedicando todos os meus versos.
São teus todos os beijos pensados
E minha escandalosa saudade.
Vem meu amor!
Enquanto arde a fogueira da aurora
Porque o tempo já se faz grisalho
Venha antes que se faça tarde.
Que o vinho vire vinagre.
Que amareleçam o sangue de nossas veias.
Venha antes que o dia se faça sem voz
As cores exageradas do céu adormeçam
E nossos sonhos se tornem abafados.
Quero Passear contigo nas calçadas ensolaradas.
Entrelaçar nossas almas, braços e pernas.
Juntos colher minhas papoulas...
Caminhar contigo em teus mangues.
De teu amor vivo carente!
Você é meu caos minha bonança.
Muitas estrelas se acendem...
Mas eu só tenho olhos,
Para a que aponta teu Norte.
Para ser a tua menina...
Pinto de preto meus cabelos,
Danço o Carimbó e o Tacacá.
Jogando minha saia sob tua cabeça
Minh’alma tempestiva!
Todo ímpeto de meu amor,
E minha incontida paixão.
Nos passos de meu samba chulado
Meu doce e amargo amado.
Rendendo-me ao teu sedutor Lundú.