O Nada do Amor

Comigo és mais pedra,

mais mistério,

mil vontades de morrer.

És o sopro, o hálito quente, o excesso

a explosão no laminar dos destinos.

Beijar-te é morder a alma,

sacudi-la ao pó da alegria,

abrir a terra na tua carne sedenta

e entrar por ti desbragado

como um arado de maldição.

Estás aqui.

Sei-te brutal como um urro

a gemer os meus dedos

na intimidade das mágoas onde te adivinho.

Como vinho áspero te bebo até ao fundo

até ao nada do amor.

Sem fogo já sou só frio

mais saudade, mais distância, mais vazio.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 23/08/2015
Código do texto: T5356090
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