Pelos meus olhos

Se pudesse te emprestar os meus olhos e fazê-lo enxergar através, me perceberia verdadeiramente, sem a capa que nos afasta. A barreira imposta pelo que nos iguala, ao menos superficialmente. Olharia para o mundo com as minhas cores e me apreciaria com sutileza, com o cuidado típico dos amores proibidos, se atentando a cada pequeno gesto. Veria que fico corada ao seu lado. Sinto um leve tremor nos lábios que até hoje não sei se é nervosismo ou apenas vontade de te beijar. Suponho ser os dois. Tenho covinhas que se acentuam quando me faz rir. Uma pequena cicatriz ao lado do olho esquerdo que ganhei quando criança. Até já te contei essa história, mas acho que não prestou muita atenção. Saberia que não consigo te encarar por mais que dez segundos. Nem sentir o seu cheiro sem fechar rapidamente os olhos e me imaginar num abraço. Que admiro cada pedaço do seu corpo e olho com desejo quando não está olhando de volta. Que pra te sentir comigo, durmo com a camisa que esqueceu na minha casa e nunca devolvi. Que sonho com você e nos meus sonhos temos dois filhos. Que eu tenho ciúmes e sofro a cada nova conquista. Torço pela sua felicidade, mas vibro a cada término. Que um dia fui até a sua casa decidida a me declarar e voltei sem dizer nada do que tinha ensaiado. Que casaria com você amanhã, ou agora. Diria sim pra tudo. Diria sim pra sempre. Doaria os meus olhos e conheceria o maior amor do mundo.

Débora Brun
Enviado por Débora Brun em 22/08/2015
Reeditado em 24/02/2016
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