Amar-te
Encomendei meu caixão
Quando ousei amar-te
Estar contigo é morte lenta
Porque o veneno é doce
E corrói devagar
Amar-te é viver de ansiedades
É nunca saber o que vai acontecer amanhã
É ser consumido de saudade quando estás longe
E de paixão quando estás perto
Amar-te é dor
Mas também sabor e poesia
Amar-te são conversas ébrias na madrugada
É abrir o coração mesmo sabendo que é algo idiota
É conviver constantemente com o fato
De que tu te importas, mas não te importas
É rir bastante em breves momentos
E segurar um pouco de choro em longas noites
Amar-te é ter sempre esse medo estranho de perder-te
Mesmo sabendo que não és meu
É ter sangue frio para rir de coisas que não queria sequer ouvir
E sangue quente para nunca afastar meus dedos de tua pele
Amar-te é voar mesmo estando presa
É mergulhar em conversas inacreditáveis
E estar sempre cautelosa para não sonhar demais
É lembrar que qualquer dia pode ser o adeus
Mas continuar te desejando enquanto não for
Amar-te é destruir o pouco de sanidade que me resta
É fingir que tudo ainda pode acabar bem
Quando obviamente não vai
Amar-te é um jogo autodestrutivo
Que eu sei que vou perder
Mas dificilmente admitirei a derrota
Amar-te é tanta coisa
Que provavelmente só entenderei
Quando já tiveres ido
E o sentimento tiver, enfim, esfriado
Só saberei o que foi essa loucura
Quando meu coração já tiver se aquietado
Mas, por hora, tua presença torna impossível minha paz de espírito
E sigo te amando desse jeito estranho
Certa de que as memórias ficarão gravadas para sempre em minha alma