O Semeador e a sua miudinha flor
Eu sou a tua miudinha flor
Dos campos teus, meu semeador
Do sopro teu e me conheces sem fim
Tão bem, no meu efémero olor.
Não surpreendo-te, meu semeador
Tu me surpreendes com o teu perfeito amor,
Por mim, flor miudinha que eu sou.
Pois que, por vezes, sinto bem dentro de mim
Desapontar-te em teu amoroso jardim.
Mas quando vem o repouso meu
E falas tão para dentro de mim
E me colocas tu dento do teu abraço
De um amor, assim, tão sem fim
Que esqueço-me eu de mim.
Flor tão tua eu sou, meu pai
Guardada em teu acolhe(dor) regaço.
E sinto-me um "eu" só teu e que se desfaz.
Haja que invade-me a tua tamanha paz.
E eu sou apenas a tua flor,
Miudinha, miudinha e de efémero olor,
Dos campos teus, meu semeador.
Flor miudinha, miudinha eu sou.
Entretanto a marca que puseste tu em mim:
Sementes de amor em profundo grotão,
Nas valas úmidas do meu coração,
Nada, nunca, ninguém apagará.
Grata e repleta do teu perfeito amor
Eu sinto-me: flor tua, meu salvador.
Karla Mello
19 de Agosto de 2015.