Philos, Ágape, Eros
I
Toda nossa sede
Precisa ser saciada
E fugiremos enfim
Das areias da aspereza
E das dunas das incertezas.
Philos, Ágape, Eros
Venha, mas venha depressa
E me chame ao que lhe agradar
Chame, pois o seu mundo
Precisa de alguém para amar.
Philos, lembra dos lúcidos anos?
Enlameados pela expectativa
Trepados ao pomar
Devorando a maçã do apreço.
Faça de ti a doçura
Que tira da mais pura dor
Aquele que em seu regaço
Acolherá os seus passos em falsos.
A chuva que molha a areia
E plana as dunas mortais
A amizade agora transborda
O simpático amor da igualdade.
II
Ágape, povo da terra
Pelas marés dos milênios
Às carícias de quem contempla
O pão e a migalha partida.
Reparta de ti a fartura
Que passa a mão pelos ombros
E ergue a quem te recebe
Com o abraço de um desconhecido.
A montanha agora que jorra
E sacia a quem não te vê
Ama nações em convívio
Consolidadas pela confiança.
III
Eros, para quê te quero?
Cativado pelos teus versos
A distância agora espero!
De sempre viver a teu lado.
Cala agora toda brandura
Que fere com sua cura
E sara com a navalha
Sangrando a ardente paixão.
O sol arde e desnutre
E mata a qualquer um
Encanta em desilusão
O pranto de todos os montes.
A luz forte que queima
E exalta toda umidade
Se envolve em cores e brumas
Regando a sincera amizade.
IV
Eros, Ágape, Philos
As três facetas do amor
Que sacia com sua sede
E resseca com seus rios
O areias e ventos incertos
De um confuso deserto.