Bailarina da estrela
Longínqua, porém decidida,
cintilava aquela luz,
pequena, clara, talvez frágil,
de estáticos astros entre o mar infinito,
porque dançava chamou minha atenção.
Riscando o espaço se ia,
rodopios, com saltos, leveza...
Cativou-me a buscar os seus passos
pelo breu do estéril além
porque o tempo mensura não tinha.
E quando até ela cheguei-me,
de mera estrela menina
chequei que nada mais era,
mas logo tudo seria.
E, como de lábios sorria
pontas e olhos a luz feminina,
perguntei-lhe: "por que danças
se hibernam todas as outras"?
- Olhai-me no esquerdo dos olhos,
guardo nele tua bailarina.
Porque virias, dançava...
Porque chegaste, sorria.
Fascinado, topei no espaço
e vi minha estrela dançante chorar.
Perdido, caí-me no breu
até cruzar a fértil luz rumo à Terra
onde o homem o tempo mensura.
Por milhares de luas procurar insisti,
por claros e tempestuosos céus nus,
a estrela cadente caísse dançando,
saltando e sorrindo,
brilhasse até mim.
Após quase dez translações,
uma nova manhã regressava.
Sumiam-se os pontos de prata
porque o sol o espaço vestia.
No alvorecer, a fitar-me,
surgiu uma bailarina.
Perguntou-me: "Por que as estrelas
o atraem se tão longe elas habitam"?
Olhei-lhe o esquerdo dos olhos,
sob ele, uma pinta graceira.
Por ser ela, dançava...
Por trazer minha estrela, eu sorria.