Pelos teus olhos
Haverás ainda em ti,
no mais profundo recôndito,
uma breve lembrança minha?
Pelos teus olhos vi o mundo,
telas impressionistas de Claude Monet,
tuas mãos em pinceladas azuis e verdes,
trançadas sobre a ponte das ofélias,
teus cabelos soltos ao vento,
como um lenço percorrendo as nuvens...
Haverás ainda em ti,
no íntimo de tua fé,
uma leve crença no que fomos?
Pelos teus olhos eu sorri,
no cantar de um colibri livre,
tua voz entoando uma melodia vívida,
envolta em meus ouvidos encantados,
tuas faces rubras ao calor do dia,
como pequenas maçãs cedo colhidas...
Haverás ainda em ti,
nos sonhos que te visitam,
a imagem de meu espectro a te velar?
Pelos teus olhos dei meus passos,
de olhos fechados em um campo de sonhos,
teu perfume guiando meu radar,
enebriado pela sedução de tua magia,
teu brilho acendendo as chamas da paixão,
como uma lareira aquecendo o mais frio inverno...
Haverás ainda em ti,
no teu relógio interior,
um tempo para voltar a sermos um só?