Mariana 2

Mariana 2

Gosto da monotonia,

Dos silêncios impregnados,

Da solidão entre as árvores, as ruinas -

Que encrostam nas paredes misteriosas

E vão pra onde jazem os pensamentos...

No oco de uma casa velha,

Abandonada,

Canto os musgos na parede

As goteiras na chuva

Na cabeça

E os mistérios que há em tudo isso:

Desse dia calmo, no meio do escuro,

Tudo começa assim...

De uma brecha na parede:

Todos os meus oceanos

Submersos

Vazando

Silêncios lustrosos deste alvorecer;

De um oco escuro na parede

Tudo começa assim: Nessas águas

Que tanto te retornam em minhas miragens...

Na cidade morta

Encoberta de musgo,

(Aqueles que subiram à janela

E entraram onde eu não via)

Vejo-te vulto pelas vías da cidade

Gotejando

Resquícios de chuva

E este alvorecer brumoso

Que tanto te guardo em tantos sonhos

As palmeiras, as casas

Todas tingem um singelo mistério

Banhado em oco dessas luzes úmidas

E tu:

Pilastra que desconheço,

Sendo a arquitetura que jazem tudo isso

Quem dera de mim um acaso pudesse

Entrar na mente e te encontrar

Miragem turva entre as telas da cidade

Seria o mais feliz dos homens!

O mais tolo por tê-la...

Nesta casa,

Neste silêncio gotejando

A vida tão certinha

Sobre as lápides das árvores

E os ventos

E os alvoreceres no teu seio

Latente, dormindo

Sobre as frestas úmidas

Que faço-me rei

E o mais feliz dos homens!

Quem dera saíres dessas brechas

Ocas, que a tudo começa,

Esta ininterrupta solidão;

Vazando pelos dias,

Gotejando minha vida;

Fio puindo

Em cada canto da cidade,

Vida sobre a minha

Que te tenho

E tu estas com minha vida -

Oh, miragem loira que se esvai!

Só deus é artífice de tal beleza!

Esta luz que me ilumina!

E te ilumina!

Santa!

Glória desta vida oca!

Que universos te daria pra não ires

Sobre a porta desses olhos que te vejo...

Que estrelas que planetas que galáxias

E esta vida

E este coração vil é pouco

Pra esta vida que anseio!

Pelas nuvens que se encurvam tu se esvai

Nua!

Latente vulto esvaindo

Pelas vías da cidade:

Úmida, brechosa

Princípios destes sonhos

Fins que tanto acordo

Tanto vais pra não voltares

Nesta vida que retorna...

Que homem eu seria se um dia a tivesse

Ocaso fremindo

Em qualquer paraíso que fosse

Santa banhada imagem pela tua imagem

Que homem eu seria! Que homem eu seria!

- Berserker Heart