Lua dos amantes
Há quem me dera quem me dera.
Não ser antes prisioneiro a cultuar da liberdade que venero a solidão absoluta; ser antes da ausência resoluta.
E não deixar-me só.
Quisera eu compreender não mais que poemas, mas palavras; não mais que presenças mas companhias.
Partilhar o café em manhãs nubladas, o abraço nas noites frias, cumpliciar o sentimento puro, único, exclusivo, e não mais encarcerar-me nas prisões de minha própria solidão.
Teu silêncio me incomoda; o vazio de tua ausência me faz falta e, ausente me esvazia.
E, á sombra das lembranças teu fantasma me visita e, horrendas noites em que me abandono.
Longos tragos de Absinto trago, absorvo o fel das paixões desencontradas, dos amores desfeitos.
Negra ausência de luz, a outra face da lua contemplo: sinto-me só.