Amor lunar
Passou talvez da galáxia a terra
a lua que tremula no céu se via
e versejando pelos campos dos ventos
Procurava para si moradia
Vestida de seda e valsejando
calmamente pelo tempo percorria
E entre os sonhos de alguém sonhado
penetrava a sua ira
E a lua invejou o homem
que por vez sempre tinha vida,
não só na noite quando o sol partia
mas também durante o dia
E avistou ao longe
Um lugar florido
e nele cantarolando,
pousando a mão em uma lira,
eis que lá estava divagando uma menina
E a lua escondida nos galhos de uma árvore morta
atenta de longe a via
Durante muitos anos a observou
naquelas noites frias
Até que o tempo transformou
Em jovem o corpo de menina,
a menina que a lua sempre olhou
agora era uma mocinha
E a lua quis tentar descobri o segredo da menina
que nas noites pelos campos frios saía
cantarolando, correndo e tocando lira!
sem medo do breu medonho
que para muitos o campo acometia
E o tempo passou
e da menina a lua tornou-se amiga
e nas noites ao luar a menina, agora jovem
confidenciava-se a sua querida
E secretamente confessou
que do sol não era amiga
que na infancia a encheu de lindo bronze,
mas que agora de vermelho a cobria
E de longe se notou
uma lunação na menina
que de menina tinha tudo
menos o corpo que a pertencia
E a lua experiênte
no coração da menina um amor via
Mas não entendia
Pois aquele amor não a ela conferia
Mas a lua do céu tudo via
E os casais que sempre a admiravam
e embriagavam-se apaixonados do seu brilhar
em pouco tempo se desfaziam
E a lua protetora procurou pelo solo
quem tinha posse do amor da menina
E em uma escrivaninha avistou
Um rapaz que atento lia
E o livro de suas mãos tirou
com uma lufania
lufada pelo impetuoso vento
que aquele lugar tinha por moradia
E o amor do rapaz para com a menina levou
com aquela ventania
e da menina o rapaz nunca mais se lembrou
nem dela, nem de sua vida
E dias depois a menina a lua confidenciou
toda a sua desatina
e em prantos para a lua implorou
que do rapaz tomasse o amor
Pois pensava que a lua o amor do rapaz a entregaria
Mas a lua acreditava
que essa dor que a menina sentia
em nada se comparava
com as dores que do céu ela via
E sempre a lua afastou
Os amores da menina
que já mulher um dia indagou
para onde seus amores iam
e a lua a respondeu
O amor não pode ser entregue
de uma vida para outra vida
que na verdade os livros a iludiam
E o outono chegou
e também um novo amor na menina
que para lua logo confessou
o que acontecia
E a lua tinha um plano
e a ele não renunciaria
e por certo a menina dele nunca se esqueceria
e jamais novamente amaria
Alguém apareceria
e sem a ajuda da lua sumiria
de olhos fundos
e coração duro
ele a conquistaria
e depois calmante a mataria
Mas ao invés de sangue
Sairam lágrimas dos olhos da menina
e não houve luto por quem a conhecia
pois a menina ainda existia,
porém sem vida
E a lua se desesperou
ao ver um resultado que não queria
dentro da menina não havia mais amor,
mas também não tinha vida
e a lua procurou pelo solo
aquele que levou o coração da menina
mas a ele não encontrou
pois ele não existia
E o campo tornou-se lenda
e ninguém soube o que acontecia
um grande amor existiu em alguém
mas a existencia do dono era desconhecida
E para a menina a lua confessou, que nem ela nem o sol tinham vida
e a ela confortou, mostrando as estrelas que no céu tinham
Disse que todas brilhavam, mas que nenhum coração nelas batiam
e que agora aquela mulher que da lua foi menina
estrela também se tornaria
Mas uma estrela no solo
e que não para sempre existiria
E dizendo isso, a lua para sempre se afastou
deixando no campo uma escrita que dizia
"Eu vou partir, pois sou sua fantasia
Sou quem sou, pois se o sol ferisse minha pele ela não se regeneraria
E seu coração voltará a amar, como todos nessa vida
Pois es mais que uma estrela,
mais que um anjo,
es alguém que amou sem ser correspondida
E quem ama sem a necessidade de ser amado é raro nessa vida"
E o campo aos poucos se desfez, como tudo que ali tinha
A lua, o sol, a menina e o amor que não existia
E ninguém nunca contou
Essa história que nunca foi dita