Turbulência
Desperto de um sono profundo, talvez algum coma
induzido pela sociedade que diz amar sem saber amar.
Nuvens, nevoeiros e véus cinzas contraíam minha visão
- e eu não podia enxergar além do torpor.
Meu corpo inesperadamente pega fogo
O cérebro frita e as ideias somem
As sinapses se desencontram e tudo o que deveria ser dito, emudece.
Não há pensar e falar e as ações se tropeçam
Os olhares se evitam e, quando se encontram,
as pupilas se dilatam pelo medo daquele sentimento
e pela vontade de querer atacar.
Os números se encontram, mas a razão voa pelos ares.
Num ímpeto, os lábios correm e roubam os pensamentos
e a surpresa brilha nas almas.
- Deixe ver tua mão.
Quero tocar-lhe sem saber como.
O calor derrete minha pele.
Só minha alma existe.
Na turbulência, encontro o sublime.
Naqueles lábios, a doçura.