Castanhola espanhola

O que mais aproveitar da vida

Senão esse sabor agridoce da festa

A pista que ela deixou

Cata-ventos eriçados no poente

Paralelepípedos emendados

Com pedras portuguesas

Ela passava com vestido vermelho flamenco

Batendo tamancos e sapatilhas no chão desmedido

A ilicitude do jogo de cartas

Atiçando corações ávidos

A cortiça destemperada

A agonia do tango argentino

Um falastrão cantarolava

O touro humildemente abatido

Os sapotis tão doces

Como não se via desde muitas primaveras

Quem dera o mar balançasse mais do que pudera

Mas como o coração que convulsiona sístoles atriais

As águas gélidas soluçam peremptoriamente...

E nada tem sentido sem a castanhola espanhola.

Vinicius Santana
Enviado por Vinicius Santana em 04/08/2015
Código do texto: T5334188
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