Castanhola espanhola
O que mais aproveitar da vida
Senão esse sabor agridoce da festa
A pista que ela deixou
Cata-ventos eriçados no poente
Paralelepípedos emendados
Com pedras portuguesas
Ela passava com vestido vermelho flamenco
Batendo tamancos e sapatilhas no chão desmedido
A ilicitude do jogo de cartas
Atiçando corações ávidos
A cortiça destemperada
A agonia do tango argentino
Um falastrão cantarolava
O touro humildemente abatido
Os sapotis tão doces
Como não se via desde muitas primaveras
Quem dera o mar balançasse mais do que pudera
Mas como o coração que convulsiona sístoles atriais
As águas gélidas soluçam peremptoriamente...
E nada tem sentido sem a castanhola espanhola.