QUADRO VIVO

A tela submete-se à excreção do pincel

Bailando para lá e para cá.

Uma e outra curva suaves

Preparam o rosto bonito

Ainda sem sexo, ainda sem nome.

Esboça um sorriso, a mão firme do pintor

(Mais ou menos firme!).

Um sinal à esquerda

Espelha um outro à direita:

Duas covinhas rasas na face rósea.

A expressão ainda indefinida

Exigia olhos vivazes e brilhantes

E lhe nasceram olhos castanhos.

Lindos!

Faltou o último retoque!

O pincel bebe da última chama de cor

E volta para cobrir o espaço na tela...

Não!!! Caiu uma gota

No lado esquerdo da face.

Desgraça... desgraça...

Todo o trabalho maculado por descuido.

...

Eis que a alma poética do pintor

Encontrou uma solução:

Tornou em lágrima de saudade

A gota que a mão ressaqueada

Extraiu do seu coração!

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 01/08/2015
Código do texto: T5331207
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