QUADRO VIVO
A tela submete-se à excreção do pincel
Bailando para lá e para cá.
Uma e outra curva suaves
Preparam o rosto bonito
Ainda sem sexo, ainda sem nome.
Esboça um sorriso, a mão firme do pintor
(Mais ou menos firme!).
Um sinal à esquerda
Espelha um outro à direita:
Duas covinhas rasas na face rósea.
A expressão ainda indefinida
Exigia olhos vivazes e brilhantes
E lhe nasceram olhos castanhos.
Lindos!
Faltou o último retoque!
O pincel bebe da última chama de cor
E volta para cobrir o espaço na tela...
Não!!! Caiu uma gota
No lado esquerdo da face.
Desgraça... desgraça...
Todo o trabalho maculado por descuido.
...
Eis que a alma poética do pintor
Encontrou uma solução:
Tornou em lágrima de saudade
A gota que a mão ressaqueada
Extraiu do seu coração!