O JUDAS

Ele me deu um beijo na boca

e me fendeu a alma.

Num rompante de desespero,

perdi todo o sossego

e, frágil, me deixei lacerar

por tenazes e ganchos.

Ele me deu um tapa na cara

e me abriu os olhos.

Hórrida máscara, meu rosto

deixou de ser cândido

e, ferida, me deixei levar

para a cruz e o fim.

Meu rosto se tornou outro:

quem me reconheceu?

Num átimo, apontei para o judas:

ele nem sabe o que fez!

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 19/06/2007
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