O JUDAS
Ele me deu um beijo na boca
e me fendeu a alma.
Num rompante de desespero,
perdi todo o sossego
e, frágil, me deixei lacerar
por tenazes e ganchos.
Ele me deu um tapa na cara
e me abriu os olhos.
Hórrida máscara, meu rosto
deixou de ser cândido
e, ferida, me deixei levar
para a cruz e o fim.
Meu rosto se tornou outro:
quem me reconheceu?
Num átimo, apontei para o judas:
ele nem sabe o que fez!