Ausente Vivente
Correto ser, parecer e viver
Sinto-te dizer e o quanto antes ter
Amor de outrora, de frente à aurora
Vivi por muitos, tempos, ventos de solidão
Erguido pela saudade, desejo, ensejo
Busquei-te quilômetros, léguas ao rincão
Por horas, duas, três, não vejo
Guiar-me a ti, e fui e vim, e vi
Por quantos poucos minutos assim vivi
E o quão de bom me fez isso, o que colhi?
Senão pela destreza da vontade por ti
Vejo-me ausente, somente e sobrevivente
Destas audácias da vida cotidiana e incoerente
Revelo-me na certeza de o que melhor de mim o fiz
Apesar deste ser meu dolo, porque de fato eu quis
Agora resta apenas saudade e lembrança
Do pouco que ficou, nenhuma esperança
Viver no breu da solidão
Ao bater do sino da catedral do coração